AUTOR: ANDRÉ RESENDE
Em jaulas de cipó os africanos eram emboscados em sua terra e jogados em barcos que atravessariam o mar, sob condições degradáveis, para viver como escravos no Brasil e em todo o Novo Mundo. Também chegavam assim a Pernambuco levas de africanos, mesmo após a proibição do tráfico de escravos de 1831. Sem distinção de gênero ou idade, bastava serem negros e aptos ao trabalho para, sob a justificativa de uma lei ambígua e manipulável, aportarem como homens e mulheres livres, porém temporariamente arrendáveis, a serviço de senhores e senhoras brasileiros. Às mulheres e às meninas, cabiam os trabalhos domésticos, a venda de objetos de porta em porta. Ou a prostituição.
Chegada pouco antes do primeiro sangramento, Yaá, que em sua aldeia de origem cuidava de aves de terreiro, é logo arrendada como vendeira de tecidos e lançada às ruas do Recife, onde virá a aprender a língua, o costume, as espertezas e as falhas de um povo de homens maus.
Contando com a amizade de Samula, o companheirismo de Manoel e sua própria determinação, Yaá, por batismo arbitrário chamada de Cândida Maria e por malícia jurídica de Penélope Africana, finalmente conseguirá ganhos que irão lhe permitir a emancipação e o retorno a sua terra, não fossem as contradições e desonestidades da justiça de um país desde sempre associada aos laços de família e de amigos.
Terceiro romance e décimo primeiro livro de André Resende, Penélope Africana conta com a escrita ágil e inovadora. Em uma narrativa primorosa, na primeira pessoa de uma voz feminina que insiste não se calar, o romance nos surpreende ao ir além de uma história de sofrimento e privações, envolvendo a todos nós, leitores, num caso de justiça ainda hoje em aberto e a espera de um desfecho favorável à apelante. Por Yaá, que a justiça seja feita, enfim.
DADOS TÉCNICOS:
14X21cm
194 páginas
ISBN: 978-85-61293-43-7
Situação: Normal
R$50,00